segunda-feira, 17 de outubro de 2005

História da Música - MPB

“Oração de Mãe Menininha”
Dorival Caymmi

O cinqüentenário de mãe-de-santo da venerável Mãe Menininha do Gantois foi comemorado numa grande festa que congregou todo o povo baiano. Na ocasião, formou-se uma comissão de notáveis para a promoção dos festejos, dela participando Jorge Amado, Carybé, Pierre Verger e Dorival Caymmi, que marcou o evento compondo esta belíssima “Oração de Mãe Menininha”: “Ai, minha mãe / minha mãe, menininha / ai, minha mãe / menininha do Gantois / a estrela mais linda, heim? / tá no Gantois / a beleza do mundo, heim? / tá no Gantois...”Este “é um canto de amor e amizade que fiz para aquela senhora a quem venero e admiro a tantos anos”, declara Caymmi, que confirma o título da composição, às vezes publicado de forma incorreta: “é ‘Oração de Mãe Menininha’, mesmo, assim como o povo costuma dizer ‘oração de Santo Antônio’, ‘oração de São José’ ...” Gravada pelo autor e pelo duo Gal-Bathânia, a canção tornou conhecida no país a figura de Mãe Menininha do Gantois. A propósito, Gantois foi um francês que fez fortuna na Baia no século XIX. Com a Abolição, ele permitiu que ex-escravos seus, entre os quais ancestrais de Menininha, habitassem uma de suas terras em Salvador, lugar que acabou sendo chamado de Alto de Gantois. Foi ali que nasceu e viveu a famosa Mãe-de-santo.

Fonte: A CANÇÃO NO TEMPO(Jairo Severiano e Zuza Homem de Melo)
História da Música - MPB

Nada será como antes
Milton Nascimento e Ronaldo Bastos

Numa demonstração de sintonia com o seu tempo, Elis Regina lançou “Nada Será como Antes” e “Casa no Campo”, juntas num mesmo compacto, representando essas composições, cada uma a seu modo, os anseios da juventude brasileira na ocasião. Gravada numa levada dançante e com um interlúdio de cordas, “Nada será como antes” é uma canção política, tendo a idéia da letra surgido, curiosamente, quando o autor Ronaldo Bastos lia um artigo sobre a questão do “amanhã” na música brasileira. Então, transformando o enfoque da área musical para a política, ele expôs em versos metafóricos o drama dos que se preocupavam com o destino imprevisível dos exilados pela ditadura, entre os quais estava o seu próprio irmão: “Eu já estou com o pé nesta estrada / qualquer dia a gente se vê / sei que nada será como antes amanhã / que notícias me dão dos amigos / que notícias de dão de você / sei que nada será como está, amanhã / ou depois de amanhã / resistindo na boca da noite um gosto de sol.” Ronaldo, Milton Nascimento e muitos outros viviam gregáriamente no país, compenetrados na utópica missão de salvar o mundo por meio das obras de arte que criavam constituindo-se “Nada Será como Antes” um autêntico libelo de oposição ao regime vigente. Além de Elis, Milton autor da melodia, gravou esta canção no álbum Clube da Esquina (em 72) e, em 76, numa versão em inglês (do próprio Ronaldo, com René Vicent) intitulada, “Nothing will be as it was”. Esta versão sería gravada também por Sarah Vaugan no disco Brazilian romance (em 87), com arranjo de Dori Caymmi.

Fonte: A CANÇÃO NO TEMPO(Jairo Severiano e Zuza Homem de Melo)

quinta-feira, 13 de outubro de 2005

Brennda Machado disse...

Pedrinho!O programa tá maravilhoso....Vc é sensacional e tem um gosto musical altamente refinado.O seu programa é um dos poucos possíveis de ouvir em nossa cidade.Abraços!!!
Elzany Mafra disse...

oi!!! e aí pedrinho, adorei o programa ontem...principalmente aquela música do que fala do círio de nazaré...é linda.....eu tinha ouvido naquele cd made in pará II

sábado, 8 de outubro de 2005

HISTÓRIA DA MÚSICA - MPB

“Noturno”
Graco e Caio Sílvio


Faixa de abertura do elepê Beleza, o sexto do cearense Fagner, “Noturno” foi uma das canções que marcaram 1980, aparecendo como tema principal da telenovela “Coração Alado”. Aliás, o próprio título da novela seria tirado de um de seus versos, que acabaria também por identificar a composição: “Ai, coração alado/ desfolharei meus olhos neste escuro véu/ não acredito mais/ no fogo ingênuo das paixões/ são tantas ilusões/ perdidas nas lembranças...” parecendo feita sob medida para o estilo Fagner, “Noturno” é uma canção amarga que ele interpreta de forma arrebatada, com sua voz rascante, sustentada por um belo arranjo seu e de João Donato.

Fonte: A CANÇÃO NO TEMPO(Jairo Severiano e Zuza Homem de Melo)

Aguarde tem muito mais...
HISTÓRIA DA MÚSICA - MPB

“Menino do Rio”
Caetano Veloso

Rompendo com a tradição de se cantar a beleza feminina nas canções de louvor ao Rio de Janeiro, Caetano Veloso utiliza a figura de um garoto de praia em “Menino do Rio”: “Menino do Rio / calor que provoca arrepio/ dragão tatuado no braço/ calção corpo aberto no espaço/ coração...” E toma como modelo seu amigo José Artur Machado, o surfista Petit, de 22 anos, criado na praia de Ipanema. Gravado pelo autor (no elepê Cinema transcendental) e por Baby Consuelo, para quem a música foi composta, “Menino do Rio” torno-se sucesso ao ser escolhido para tema de abertura da telenovela “Água Viva”, da Rede Globo. Infelizmente, Petit teve um final prematuro e trágico: acidentado num desastre de moto, que o deixou com o lado direito do corpo paralisado, suicidou-se em março de 1989.

Fonte: A CANÇÃO NO TEMPO(Jairo Severiano e Zuza Homem de Melo)

Tem muitas histórias curiosas, acompanhe...
Lançamentos TOP CD

Só alguns...

_ Maria Rita (só CD ou CD e DVD) Muito Bom.
_ Lulu Santos (sempre nos surpreende) Muito Bom.
_ Jota Quest.
_ DVD Cinema Falado. Filme de Caetano Veloso.
_ Gal Costa (CD) Excelente.
_ Eric Clapton(CD- Back Home.)
_ Titãs (CD – Ao vivo MTV)

Obs: Os que não tem opinião é que eu não os tenho.
A HISTÓRIA DA MÚSICA - MPB

“Canção da América”
Milton Nascimento e Fernando Brant

Em 1979, numa chuvosa temporada em Los Angeles, Milton Nascimento Gravaria o elepê Journey to dawn, dirigido ao público americano. Na ocasião, permanecendo na cidade com o parceiro Fernando Brant durante 45 dias, o compositor tentou em vão entrar em contato com um baterista inglês, que lhe havia mostrado, tempos antes, uma composição cuja a letra falava de músicos que partilhavam amizades, quase sempre interrompidas no momento em que terminavam suas gravações ou temporadas. Frustrado ao constatar que o tal baterista não se encontrava mais em Los Angeles, Milton fez então com Brant uma nova canção, em inglês, abordando o assunto, ou seja, o desencontro de amigos, e deu-lhe como título uma palavra inventada pelos dois: “Unencounter”. Quando chegou a vez de gravá-la, perguntou aos americanos se entendiam o seu significado e, diante da resposta afirmativa, manteve o título, sendo a música incluída no citado disco. Meses depois, no Brasil, o grupo mineiro 14 Bis(Flávio Venturini, Vermelho, Sérgio Magrão, Heli Rodrigues e Cláudio Venturini) desejou gravar a composição, tendo Fernando Brant feito uma letra em português, na qual o sentido da idéia original era estendido a amizade:”Amigo é coisa pra se guardar/ debaixo de sete chaves/ dentro do coração/ assim falava a canção/ que na América ouvi/ mas quem cantava chorou/ ao ver seu amigo partir...” Renasceu assim a música em português, com um novo título, “Canção da América”, que Milton Nascimento gravou no álbum Sentinela, em 1980, coadjuvado pelo quarteto Boca Livre.´Com o tempo, a canção acabaria sendo cantada em cerimônias – como por ocasião da morte de Ayrton Senna – ganhando caráter de hino “à fraternidade. Uma curiosidade: ao cantar “Canção da América” no show e no disco Saudades do Brasil, Elis trocou o verso “assim falava a canção” por “a se falar na canção”.

Fonte: A CANÇÃO NO TEMPO(Jairo Severiano e Zuza Homem de Melo)

segunda-feira, 3 de outubro de 2005

Vale a pena visitar:
_
www.biscoitofino.com.br
_ www.sonhosesons.com.br
_ www.revistatrip.com.br
E Então Que Quereis?...

Fiz ranger as folhas de jornal
abrindo-lhes as pálpebras piscantes.
E logo de cada fronteira distante
Subiu um cheiro de pólvora perseguindo-me até em casa.
Nestes últimos vinte anos nada de novo há
no rugir das tempestades.
Não estamos alegres, é certo, mas também por que razão
haveríamos de ficar tristes
o mar da história é agitado.
As ameaças e as guerras havemos de atravessá-las,
Rompe-las ao meio,
cortando-as como uma quilha corta
as ondas.

Vladimir Vladímirovitch Maiacoviski (1927)
Declamado por João Bosco como introdução na música-Corsário.

HISTÓRIA DA MÚSICA


“Jura Secreta”
Sueli Costa e Abel Silva

Mesmo tendo ocupado quartos de frente do legendário Solar da Fossa e, anos depois, sido vizinhos em Ipanema, Sueli Costa e Abel Silva jamais haviam feito um música juntos antes de “Jura Secreta”. Foi Abel quem procurou Sueli, por meio de uma carta com uma letra da qual nasceria esta canção. Como grande parte do que se escrevia na ocasião, a letra expunha de forma metafórica reflexões sobre o amordaçamento geral imposto pela ditadura. Eram versos estranhos, aparentemente contraditórios, que afirmavam negações e negavam afirmações: “Só uma coisa me entristece/ o beijo de amor que eu não roubei/ (...)/ nada do que eu quero me suprime/ do que por não saber inda não quis/ (...)/ só o que me cega, o que me faz infeliz/ é o brilho do olhar que não sofri/ (...)/ só uma palavra me devora/ aquela que o coração não diz...” Nestes dois últimos versos, o âmago do poema, Abel na se referia uma palavra específica, mas ao (não) uso da palavra, ou seja, ao silêncio involuntário. Lida a carta, Sueli sentiu no primeiro momento como deveria ser a melodia, compondo de estalo a terna canção, que seria levada com outras inéditas para Maria Bethânia, na época preparando o show “Pássaro da Manhã”, no Teatro da Praia. Todavia, como Bethânia optou por “Coração Ateu”, gravado por ela em 75, Sueli pôde então atender Simone, que selecionava repertório para um novo disco e acabou escolhendo “Face a Face” e “Jura Secreta”. A gravação de “Jura Secreta” foi atribulada, tendo acontecido duas tentativas, uma com um grupo de músicos, a outra com dois violões, ambas frustrantes, o que deixou Simone tão perturbada que chegou a menosprezar a letra de Abel. Daí os ânimos só viriam a serenar com uma intervenção de Gozaguinha, seguida da sugestão de Sueli, para que a cantora gravasse apenas com o teclado de Gilson Peranzzetta, que criaria para a composição um acompanhamento bluesy ao piano Fender. Logo na primeira tentativa Simone chegou a se engasgar de emoção, prevalecendo a segunda, que acabou sendo o grande sucesso do álbum Face a face. Isso foi uma surpresa para os incrédulos compositores que sabiam ser “Jura Secreta” uma dessas canções classificadas como difíceis na gíria musical. Sua leitura seria até recomendada por psiquiatras para ajudar seus pacientes no processo de auto conhecimento. Tempos depois do lançamento, Simone diria o recado a Sueli que se tivesse composto “Jura Secreta” trocaria o título para “Auto Retrato”. Entre gravações desta canção destacam-se as da autora, no elepê Louça fina e a de Fagner, em Quem viver chorará, além da de Simone, naturalmente.
Fonte: A CANÇÃO NO TEMPO(Jairo Severiano e Zuza Homem de Melo)