quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Bandolins
Osvaldo Montenegro.Bandolins foi um presente de aniversário que Osvaldo Montenegro ofereceu a uma amiga bailarina. A intenção era reanimá-la, pois na ocasião a moça estava inconformada por seu namorado ter viajado para França, enquanto ela, menor de idade, fôra impedida de acompanhá-lo. Daí o imaginário pas de deux narrado na letra, que ela dança sozinha: Como fosse um par/ que nessa valsa triste se desenvolvesse/ ao som dos bandolins/ e como não e por que não dizer/ (...) / ela valsando só na madrugada/ se julgando amada/ ao som dos bandolins... Por essa época, Osvaldo já havia gravado o elepê Poeta Maldito... moleque vadio, que apesar da produção caprichada fora um fracasso, pondo em risco sua permanência na gravadora. Em conseqüência, a Warner havia lhe proposto, para continuar, apenas a metade de um compacto simples, que teria na outra face música de um compositor novo, o nada animador João Boa Morte. Osvaldo estava mesmo a ponto de desistir da carreira, quando surgiu a oportunidade de inscrever Bandolins no Festival de 79 de Música Popular da TV Tupi. Na realidade, ele não se sentia muito esperançoso de um bom resultado, expectativa que só piorou quando notou uma tendência de parte do público em favor da emergente vanguarda paulistana de Arrigo Barnabé e Itamar Assumpção. Os mais radicais haviam chegado a vaiar Caetano Veloso, que defendia Dona Culpa Ficou Solteira, de Jorge Bem. Foi nesse estado emocional que Osvaldo pisou no palco do Anhembi, em São Paulo, para mostrar sua valsa ao lado do amigo José Alexandre. Mas, para sua surpresa, a reação da platéia ao ouvir Bandolins foi altamente positiva, tendo a canção conquistado o terceiro lugar e projetado Osvaldo bem mais até do que dois concorrentes que chegaram à sua frente. Então, além de um compacto inteiro, a Warner deu-lhe o segundo elepê e sua carreira deslanchou. A propósito, esse festival temporão da Tupi – coordenado por Solano Ribeiro, que dirigia festivais na Excelsior e Record – acabou dando visibilidade a artistas em ascensão como Alceu Valença (com Coração Bobo), Elba Ramalho (com América) e a dupla Kleiton e Kledir (com Maria Fumaça).

Fonte: A Canção no Tempo, vol. 2.
Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello

3 comentários:

KarinaGonçalves disse...

A música é liinda! Com a letra e melodia totalmente harmonizadas.... adoooro essa música!!

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Talvez soe como uma asneira a minha opinião sobre a boa música. Existem os cantores de massa, fabricados pela mídia, alavancados pelo dinheiro de empresas que visam lucros, cujos cantores algumas vezes "se utilizam" das músicas de grandes mestres. Muitas das vezes as interpretações desses cantores "esbandalham" as canções dos compositores. São os que eu chamo de artistas de vida curta. Amanhã ninguém se lembrará ou saberá as poucas sílabas da tal "ai se eu te pego" ou o nome do artista pelo qual ela ficou famosa em todo mundo. Os grandes mestres, que compõem suas obras baseadas nas histórias de suas vidas ou de pessoas próximas, embora o público não entendendo muito do que está se falando em razão do rico texto em metáforas, ironias, sentimentos e boa poesia, mesmo assim eles se prendem a uma qualidade que não sabem explicar e, assim, referidas músicas ultrapassam décadas com a mesma qualidade de sempre, pois contam histórias reais, humanas e aquém da moda. Era angustiante minha curiosidade em saber se a bailarina de Bandolins era uma ficção ou uma mulher de verdade. Estou me sentindo muito bem por saber que se tratou de uma pessoa de verdade.