segunda-feira, 27 de março de 2006

Arquitetura da Flor - Francis Hime

Compositor apresenta dez novas canções, e duas regravações, no disco mais despojado de sua carreira

Foi a partir dos versos de Geraldo Carneiro para o samba A Invenção da Rosa, que Francis Hime extraiu o título de seu mais novo CD, Arquitetura da Flor, o segundo de carreira pela Biscoito Fino. Sob uma sonoridade enxuta que explora basicamente as possibilidades de um quinteto (piano, baixo, bateria, guitarra e percussão, com intervenções de sopro), em contraponto à grandiosidade orquestral que caracteriza a maioria de seus trabalhos, Francis apresenta um disco repleto de nuances, no álbum mais confessional de sua trajetória. “Procurei valorizar melodia e harmonia, dando um tratamento despojado às canções. É o disco mais prazeroso que já gravei”, resume o maestro.
Como tem sido comum em seus trabalhos, Francis apresenta um punhado de novas canções (são dez ao total), e duas regravações. Um dos músicos mais atuantes de sua geração, que se recusa a viver de glórias passadas, embora as tenha em quantidade que bastaria para mantê-lo entre os maiores compositores brasileiros sem que precisasse acrescentar uma nota a seu vasto repertório, Francis mantém sua flor renovada, arquitetando-a com a volúpia e a proficiência de um iniciante.
Arquitetura da Flor traz 6 novas composições em parceria com Geraldo Carneiro. Além de A Invenção da Rosa, que abre o disco, há Gozos da Alma (lançada por Leila Pinheiro, em 2005), e as inéditas A Musa da TV, Mais-Que-Imperfeito, Mar do Amor Total, História de Amor - esta com a participação da cantora Nina Becker, da Orquestra Imperial, num dueto que transcende quatro gerações da MPB.
Sem Saudades é uma parceria de Francis com Cartola, a partir dos originais de um antigo poema do autor de As Rosas não Falam, entregue ao maestro pela neta do sambista. O samba, composto em 2005, conta com a participação de Zelia Duncan. E como a flor é assunto recorrente na arquitetura deste álbum, a letra de Cartola endossa: “passo o dia entre as flores / o espinho pontiagudo / pela rosa faz tudo / defende-a do malfeitor / isto é que é ter amor”.
Amor e flor germinam significados complementares. É assim em O Mar do Amor Total, onde a letra de Geraldo Carneiro subverte a própria natureza: “você é perfeita, minha flor / parece feita com a surpresa da imperfeição”. Ou na poesia de Simone Guimarães, cujos versos “É tanta quimera florida / mas sempre há de ter o adeus” adqüirem a ressonância de um samba ligeiro, na genealogia do samba jazz.
Do Amor Alheio tem letra quase minimalista de Abel Silva, com melodia típica de Hime. O tema à guisa de introdução, que normalmente ganharia diversas vozes nos arranjos mais característicos de Francis, resume-se ao essencial no piano do maestro, direto como os versos de Silva: “Ah, não corresponder a quem te ama / mas se não é amor / o que em troca oferecer?”.
A parceria entre Francis e Olivia Hime costuma fertilizar os discos de um e de outro – como no caso de Canção Transparente, indicada ao Grammy Latino do ano passado, na categoria melhor canção brasileira. Desta vez, é Desacalanto, com letra de Olivia, que traz elementos como pó, água e luz para fecundar a flor amorosa de Francis (“A noite se encosta num poste de luz / em pó se desfaz / em fragmentos azuis / aos pés de um menino / a cidade afundou / levando o vazio / de quem não sonhou”).
Dentre as regravações, estão Palavras Cruzadas, feita com Toquinho na década de 80, e A Dor a Mais, última colaboração de Francis com seu primeiro parceiro, Vinicius de Moraes. Em Palavras Cruzadas, Toquinho surpreende como letrista, com achados como “Rio da ironia de uma vertical / que diz: sentimento profundo / que ilumina o mundo com seu resplendor”. Já Vinicius, mestre de todos os letristas da música brasileira, arremata bem a seu feitio: “Tens um outro amor, eu sei / mas nunca terás a dor a mais / como eu te dei / porque a dor a mais / só na paixão com que eu te amei”.
Além do piano e da voz de Francis Hime em todas as faixas, Arquitetura da Flor conta com Ricardo Silveira (guitarra e violão), Jorge Helder (baixo), Kiko Freitas e Téo Lima (bateria), Marcelo Costa (Percussão), Vittor Santos (trombone), Jessé Sadoc (trompete), Marcelo Martins (sax e flauta), Hugo Pilger (violoncelo), Cristiano Alves (clarineta). Mar do Amor Total traz as mulheres da vida de Francis no coro: a mulher Olivia, as filhas Maria, Luiza e Joana (a neta Bibi deve reforçar o coro em breve...). A produção é de Moogie Canazio, que atesta: “este disco reforça a presença de Francis Hime onde ele sempre mereceu estar. Entre os maiores da MPB de todos os tempos”.

sexta-feira, 17 de março de 2006



Ai! Se sêsse!...

Autor: Zé da Luz
Declamado pelo: Cordel do Fogo Encantado

!!Se um dia nós se gostasse;
Se um dia nós se queresse;
Se nós dois se impariásse,
Se juntinho nós dois vivesse!
Se juntinho nós dois morasse
Se juntinho nós dois drumisse;
Se juntinho nós dois morresse!
Se pro céu nós assubisse?
Mas porém, se acontecesse
qui São Pêdo não abrisse
as portas do céu e fosse,
te dizê quarqué toulíce?
E se eu me arriminasse
e tu cum eu insistisse,
prá qui eu me arrezorvesse
e a minha faca puxasse,
e o buxo do céu furasse?...
Tarvez qui nós dois ficasse
tarvez qui nós dois caísse
e o céu furado arriasse
e as virge tôdas fugisse!

quinta-feira, 2 de março de 2006


AMAR
Florbela Espanca

Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: Aqui...Além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente...
Amar!Amar! E não amar ninguém!

Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem dizer que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma primavera em cada vida:
É preciso canta-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!

E se um dia hei de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder...pra me encontrar...


Eu
Florbela Espanca

Eu sou a que no mundo anda perdida
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada... a dolorida...

Sombra de névoa tênue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...

Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber porque...

Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver
E que nunca na vida me encontrou!




Abaixo, essa letra é do Fantástico Paulo César Pinheiro mas, podería ser de Florbela Espanca não é?Vocês precisam ouvir a música.Quem canta é a Simone Guimarães.

Outras mulheres
(Joyce e Paulo César Pinheiro)

Meu corpo é pedra em que nascem
Corais, sargaços e líquen
Que os homens todos me abracem
Só quero aqueles que passem
Não quero aqueles que fiquem.

Gosto, meu bem, de andar nua
Me pinto feito arco-íris
Jamais me tires da rua
Porque jamais serei tua
Se tu não me repartires.

Senti paixão por um bando
Escorreguei como os peixes
Por isso eu peço que quando
Sentires que já estou te amando
Eu quero é que tu me deixes.

Sou de ceder minhas graças
Não sou aquela que queres
Pertenço ao rol das devassas
Não quero que tu me faças
Igual às outras mulheres.

Senti paixão por um bando
Escorreguei como os peixes
Por isso eu peço que quando
Sentires que já estou te amando
Eu quero é que tu me deixes
fale pedro, Já pensastem em fazer um podcast do teu programa? tenho a certeza que daria muito certo! pensa no que eu tou te dizendo, gostaria muito de um dia poder ouvir aqui em Belém a sempre ótima seleção do teu programa!
AbraçãoAry R. Rabelo

Valeu Ary, vou estudar a possibilidade.Valeu a idéia é um grande abraço.
Pedro Fernando


Ary Ribeiro Rabelo disse...

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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2006



Guardanapos De Papel - Milton Nascimento
( Léo Masliah)

Na minha cidade tem poetas, poetas,
Que chegam sem tambores nem trombetas, trombetas,
E sempre aparecem quando menos aguardados, guardados,guardados,
entre livros e sapatos, em baús empoeirados.
Saem de recônditos lugares no ares, nos ares,
Onde vivem com seus pares seus pares, seus pares, seus pares
e convivem com fantasmas multicores, de cores, de cores,
que te pintam as olheiras e te pedem que não chores
Suas ilusões são repartidas partidas, partidas,
Entre mortos e feridas, feridas, feridas,
Mas rexistem com palavras, confundidas, fundidas, fundidas,
Ao seu triste passo lento pelas ruas e avenidas.
Não desejam glorias nem medalhas, medalhas, medalhas,
Se contentam com migalhas, migalhas
Migalhas de canções e brincadeiras com seus versos dispersos, dispersos,
Obcecados pela busca de tesouros submersos.
Fazem quatrocentos mil projetos, projetos, projetos,
Que jamais são alcançados cansados, cansados,
Nada disso importa enquanto eles escrevem, escrevem, escrevem,
O que sabem que não sabem e o que dizem que não devem.
Andam pelas ruas os poetas, poetas, poetas,
Como se fossem cometas, cometas, cometas,
Num estranho céu de estrelas idiotas e outras, e outras,
Cujo brilho sem barulho veste suas caldas tortas.
Na minha cidade tem canetas, canetas, canetas,
Esvaindo-se em milhares, milhares,
Milhares de palavras retorcidas e confusas, confusas, confusas,
Em delgados guardanapos, feito moscas inconclusas.
Andam pelas ruas escrevendo e vendo, e vendo,
Que eles vêm nos vão dizendo, dizendo,
E sempre eles poetas de verdade enquanto espião e piram, e piram,
Não se cansam de falar do que eles juram que não viram.
Olham para o céu esses poetas, poetas, poetas,
Como se fossem lunetas, lunetas, lunáticas,
Lançadas ao espaço e o mundo inteiro, inteiro, inteiro,
Fossem vendo pra depois voltar pro Rio de Janeiro.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2006

Procura da poesia

Não faças versos sobre acontecimentos.
Não há criação nem morte perante a poesia.
Diante dela, a vida é um sol estático,não aquece nem ilumina.
As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam.
Não faças poesia com o corpo,
esse excelente, completo e confortável corpo, tão infenso à efusão lírica.

Tua gota de bile, tua careta de gozo ou de dor no escuro
são indiferentes.
Nem me reveles teus sentimentos,
que se prevalecem do equívoco e tentam a longa viagem.
O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia.

Não cantes tua cidade, deixa-a em paz.
O canto não é o movimento das máquinas nem o segredo das casas.
Não é música ouvida de passagem, rumor do mar nas ruas junto à linha de espuma.

O canto não é a natureza
nem os homens em sociedade.
Para ele, chuva e noite, fadiga e esperança nada significam.
A poesia (não tires poesia das coisas)
elide sujeito e objeto.

Não dramatizes, não invoques,não indagues.
Não percas tempo em mentir.
Não te aborreças.
Teu iate de marfim, teu sapato de diamante,
vossas mazurcas e abusões, vossos esqueletos de família
desaparecem na curva do tempo, é algo imprestável.

Não recomponhas
tua sepultada e merencória infância.
Não osciles entre o espelho e amemória em dissipação.
Que se dissipou, não era poesia.
Que se partiu, cristal não era.

Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
Tem paciência se obscuros.Calma, se te provocam.
Espera que cada um se realize e consume
com seu poder de palavra
e seu poder de silêncio.
Não forces o poema a desprender-se do limbo.
Não colhas no chão o poema que se perdeu.
Não adules o poema. Aceita-o
como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada
no espaço.

Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível, que lhe deres:
Trouxeste a chave?
Repara:
ermas de melodia e conceito
elas se refugiaram na noite, as palavras.
Ainda úmidas e impregnadas de sono,
rolam num rio difícil e se transformam em desprezo.
Carlos Drummond de Andrade
Mart´nália
CD: Menino do Rio

Cantora estréia no selo Quitanda, de Maria Bethânia, recriando Caetano e Melodia, e revelando a face sambista da geração de Moska e Ana Carolina.

É preciso mais que talento para, em alguns anos de carreira, reunir sobre si o respeito e o entusiasmo de nomes como Martinho da Vila, Caetano Veloso e Maria Bethânia. É preciso mais que nome para, a cada trabalho, fazer surgir como clássicos novas canções e compositores, e ao mesmo tempo prestar reverência originalíssima aos mestres do samba e afins, dentro da generosa árvore genealógica musical brasileira. É o caso de Mart´nália, que chega a seu quinto disco, Menino do Rio, o primeiro pelo selo Quitanda, de Maria Bethânia, com distribuição da Biscoito Fino. A filha de Martinho da Vila, afilhada musical de Caetano (que dirigiu seu disco Pé do meu Samba) chega agora, pelas mãos de Bethânia e do maestro Jaime Alem, ao mais diversificado de seus trabalhos. De Caetano (na recriação de Menino do Rio) a Celso Fonseca (no partido alto A Origem da Felicidade, com a bateria da Vila Isabel); de Luiz Melodia (na releitura de Estácio, Holly Estácio) a Ana Carolina (da impagável Cabide); do suingue carioca-gaúcho de Totonho Villeroy, em São Sebastião (com participação de Bethânia), ao pop dos amigos e parceiros Moska e Leoni, em Soneto do teu Corpo, passando pela balada de Guilherme Arantes, Só Deus é Quem Sabe. Dentre os que têm o samba por religião estão Martinho da Vila e Nelson Rufino, que assinam Nas Águas de Amaralina. Roque Ferreira e Jorge Agrião empunham a bandeira do samba-de-roda, na hospitaleira Casa da Minha Comadre. Das sonoridades do Recôncavo ao fundo de quintal tipicamente carioca de Boto meu Povo na Rua, de Arlindo Cruz, Acyr Marques e Ronaldinho, com participação de Arlindo Cruz, no banjo, até o ancestral Monsueto, de Casa 1 da Vila. Seja ainda como compositora - na irresistível Essa Mania, em parceria com Moska; no samba de intensa riqueza melódica Sem Perdão a Vida É Triste e Solidão, feito com Ana Costa e Zélia Duncan; nas parcerias com Paulinho Black (Pára Comigo) e Mombaça (Pretinhosidade) – ou como musa – na faixa que abre o disco, Pra Mart´nália, de Fred Camacho e Jorge Agrião -, tudo é samba na voz e no estilo de Mart´nália.

Fonte: www.biscoitofino.com.br

segunda-feira, 30 de janeiro de 2006



Rosa Passos

Dona de um swing extraordinário, a baiana Rosa Passos é considerada pelos aficionados como a versão feminina de João Gilberto. Como o cantor, Rosa possui uma voz cálida, doce, afinadíssima. Sua simpatia e criatividade converteram-na em uma das maiores estrelas da moderna MPB, com influências do jazz e do samba.
A fama de Rosa Passos cresceu a partir do CD Curare (1991), quando se aproxima definitivamente do repertório de bossa nova, gravando temas de Tom Jobim como "Dindi", "A felicidade" e "Só danço samba". Desde então vem realizando turnês pelos Estados Unidos, Europa e Japão com um extenso repertório de temas próprios e interpretações de clássicos como Gilberto Gil, Djavan, Dorival Caymmi, Ary Barroso, Edu Lobo, etc.
Em suas gravações e shows conta com a participação de músicos como Ivan Lins, Chico Buarque, Yo-Yo Ma e Ron Carter. Seu último CD, Amorosa (Sony Classical/2004, é uma homenagem a João Gilberto, com participações de Henri Salvador e Paquito D'Rivera.


Simone Guimarães
Biografia


A cantora, compositora e instrumentista Simone Guimarães nasceu em Santa Rosa de Virtebo, no interior de São Paulo, na fronteira com Minas Gerais. Em sua formação musical, teve influências de Tom Jobim e Villa-Lobos e suas composições variam do estilo regional ao erudito, da seresta à bossa nova. Como compositora, emplacou músicas em trilhas sonoras na televisão. O primeiro CD solo, lançado em 1996, foi resultado de uma pesquisa em torno do fenômeno da piracema. Participou do Songbook Tom Jobim, interpretando a música "Pato Preto", que fez parte do último disco lançado por Tom, "Antônio Brasileiro". Em parceria com dois violonistas — Olmir Stoker, o Alemão, e Zezo Ribeiro — gravou o disco, aínda inédito, "Cordas Versos Cordas", em 1996. No ano seguinte veio o lançamento de "Cirandeiro", pelo qual recebeu duas indicações para o Prêmio Sharp, nas categorias Melhor Cantora e Melhor Arranjo. O terceiro disco, "Aguapé", 1998, teve as participações de Elba Ramalho, Ivan Lins, Danilo Caymmi, Zé Renato e Maurício Maestro, nomes que incentivaram sua carreira. Num show que fez no Rio, em 1998, Simone Guimarães recebeu para uma canja improvisada o cantor Milton Nascimento, que estava na platéia e declarou ao final: “Não tem pra ninguém. Simone é o que de melhor eu escutei nos últimos anos." A dobradinha com o cantor foi repetida nas apresentações do show "Crooner" de Milton, em que ela apresentou-se ao lado dele para interpretar "Para Lennon e McCartney". No Songbook Chico Buarque, fez um duo com o guitarrista Hélio Delmiro, na música Desencontro. Com Sérgio Natureza compôs "O de casa", gravada por Ivan Lins CD "Um Novo Tempo".

domingo, 15 de janeiro de 2006

"O que falta pra quem faz um samba
É a tristeza que vem de outro tempo
Quem não sabe a ciência do samba
Vai fazer o que pede o momento"

O Lamento do Samba

Paulo César Pinheiro
Um dos maiores Letristas brasileiros, compositor e poeta.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2006

A magia da voz

Em CD e show, Roberta Sá se impõe como uma das melhores intérpretes de sua geração
LUÍS ANTÔNIO GIRON


Roberta Sá possui uma estranha peculiaridade: sua beleza física é camaleônica, jamais parece exibir o mesmo rosto ou o mesmo corpo. Não apenas em fotos. Quando essa potiguar de 24 anos, alta e (agora) esquálida, sai por instantes da mesa em São Paulo onde conversa com ÉPOCA e volta, já parece outra. A persona fluida faz com que se comporte ora como garota mimada da zona sul carioca (solteira, desde os 15 anos mora no Leblon com a mãe e o padrasto), ora como nordestina incisiva. ''Não sei por quê'', comenta com sorriso largo. ''Nunca pareço igual...''
A moça, porém, conserva um traço distintivo: a voz. Exibe um timbre nítido, desembaraço no fraseado e uma espontaneidade capazes de arrebatar os músicos com quem trabalha ou que ouviram suas primeiras gravações. Entre eles, Paulinho da Viola e Elton Medeiros derramam-se em elogios à estreante. ''Ela escolheu o caminho mais difícil'', diz Medeiros. ''Interpreta composições que exigem alto grau de musicalidade.''
Esse dom se faz sentir no CD de estréia, o extraordinário Braseiro, lançado em show no Rio de Janeiro, na semana passada. O espetáculo continua nas quartas-feiras dias 20 e 27. Para realizá-lo, Roberta consome-se em ensaios. Nos últimos dias, conta, emagreceu 4 quilos, só pensando no show - o que provoca alterações profundas em sua aparência, diversa da estampada na capa do disco. ''O problema é que sou perfeccionista e não descanso.'' Seu gosto vai de bossas (''Eu Sambo Mesmo'', de Janet de Almeida) a músicas ainda mais difíceis, como os sambas ''Pelas Tabelas'' (Chico Buarque) e ''No Braseiro'', que Pedro Luís, outro fã, compôs para ela. Para ter uma idéia de seu canto, basta imaginar um amálgama que contenha Marisa Monte e Gal Costa, com doses maiores de jovialidade, punch e notas graves. ''É uma intérprete requintada'', analisa Rodrigo Campello, diretor do show e produtor do disco. ''Seus vibratos seguem a melhor escola brasileira.''


Roberta Varella Sá sempre cantou, mas deu o salto ao estudar técnica vocal. Em Natal, onde nasceu, ouvia os sambas favoritos da mãe, embora o pai, o político Múcio Sá, preferisse Beatles. Aos 18 anos, morou no Missouri, num programa de intercâmbio, e lá foi contralto num coral. De volta ao Rio, fez aulas de canto, enquanto estudava Jornalismo e trabalhava como balconista de uma loja de grife. Curiosamente, a carreira começou no reality show Fama, em 2002. ''Fiz o teste só para ver.'' Passou e participou do programa, mas foi eliminada numa semifinal. ''Era uma novela. Eu fazia a princesinha.'' Jura que não sabia cantar, mas conheceu na ocasião o professor Felipe Abreu.
Irmão de Fernanda Abreu, Felipe incentivou Roberta a gravar uma fita demo e a fazer o primeiro show, no Mistura Fina. No fim de 2003, Roberta levou uma fita a Gilberto Braga, que escrevia a novela Celebridade. O autor gostou da voz e a convidou a gravar o samba ''A Vizinha do Lado'' (Dorival Caymmi), prefixo de Juliana Paes. Rodrigo Campello produziu e arranjou a faixa. A música fez tamanho sucesso que lhe rendeu o convite para gravar. Braseiro tem participações de Pedro Luís, Ney Matogrosso e MPB4 e virou um êxito de crítica, para a surpresa da cantora. Planeja agora uma turnê para conquistar o público. ''Será uma anti-superprodução'', brinca. Séria: ''Estou no começo. Não sei como será''. Mesmo sem querer, Roberta já se impõe, segundo os especialistas, como o timbre canônico de sua geração. E reúne arte para se converter numa das intérpretes mais puras da MPB atual. Sua voz revela identidade de estrela.
MANIVA - Novo cd de Nilson Chaves

CD "MANIVA" Produção Musical:Zeca Baleiro e Nilson Chaves Participações Especiais: Chico Cesar, Paulinho Moska, Zeca Baleiro, Flavio Venturini, Celso Viáfora, Vital Lima,Jean Garfunkel,Tuco Marcondes e Toninho Ferragutti. Já experimentou espremer na mão uma folha de maniva e depois cheirar? Ou então, passar por uma cozinha onde estejam preparando uma maniçoba? E não somente o cheiro, mas a temperatura. Há como uma névoa no ambiente, mágica e a maniçoba, silenciosamente queima, apaixonada. E quanto mais tempo leva na panela, mais apura o paladar. Não há dúvida que a cozinha paraense é a mais genuinamente brasileira, por vir dos índios. Chamam-na de “feijoada paraense”, por admitir temperos e delicias da outra, a africana. Maniva também é veneno. Sua folha larga, da família das euforbiáceas, tem substâncias tóxicas. Por isso, o tempo que passa cozinhando, apurando, para enfim virar o quitute. Seria o “veneno bom”. Assim a música de Nilson Chaves, tão essencialmente paraense e no entanto, admitindo influências de tudo o que há de mais moderno na música mundial. Tal como a folha da maniva, sua música enche o ar de alegria, verdade e sofisticação. Isso mesmo. Quer mais sofisticação do que o lento e cuidadoso preparo de uma maniçoba? E quanto mais o tempo passa, mais Nilson Chaves se posiciona como um dos grandes nomes da música da região amazônica. Um líder que se impõe pela generosidade, pelo respeito aos companheiros, pelo apego à cultura de sua terra. Por isso, ao fazer seu novo trabalho, cercou-se de convidados;todos desfrutando do paladar apurado de sua música, todos inebriados e sendo condimentos essenciais para um resultado final tão saboroso. Se a maniva é veneno bom, que assim seja a música de Nilson Chaves a nos intoxicar de alegria, amor e verdade. A “Maniva” de Nilson Chaves já está pronta e apurando.

fONTE: www.outrosbrasis.com.br
Quem é Ceumar?

Parece que toda música que Ceumar produz vai pra cima, pro céu. Como todas aquelas montanhas de Minas Gerais que apontam pra cima, de onde ela vem. Nasceu em Itanhandú, bem no sul de Minas, quase São Paulo. É mesmo uma mistura de interior de São Paulo e Minas, que é o interiorzão do Brasil. Da moça prendada que pinta e borda. E piano também. Toda família, pelo menos classe média, tinha ou tem um em casa. Mas piano não "anda" por aí. E Ceumar queria andar. E foi, com violão na mão. Passou pela capital mineira. Abriu horizontes. Foi uma bela escolha pra começar expandir suas notas musicais. De lá, volta pra terra natal. Depois fica um tempo em Itajubá, também Minas. Respira fundo e vai pro começo... do Brasil. Salvador, moça grande, uns 24 anos, com violão e namorado em punho. Mais um tempo por lá e... Itanhandú, sempre. Mais uma boa respirada, e vai para São Paulo. Bem mineira, veio chegando devagar, aos poucos, e pelas mãos de amigos. Chegando, chegando, chegou! Lá por 1996 e 1997, na rádio Musical FM, estourou com Dindinha, música de Zeca Baleiro. Estourou assim, daquele jeito possível, entre os interessados que compunham o público da Musical. Lançou o primeiro CD em 2000, com o título "Dindinha". Disputado até hoje. Neste ano de 2003, lançou um trabalho que é um mel. Suave, doce, cheio de proteína musical. Trabalho cuidadoso, logo se vê, ali, na 1ª faixa. Sua sensibilidade, talento, estrela, sei lá, faz ela se aproximar de gente também sensível, grande, astuta, como ela. Estão lá, pelo CD, gente como Kléber Albuquerque, Tata Fernandes, Gero Camilo, Carlos Zimbher. Músicos, do mesmo tamanho, grandes, de primeira. Gigante Brasil, Swami Jr., Webster Santos, Lelena Anhaia, tantos mais. Uma doçura. Essa menina moça, personalíssima, é, ao mesmo tempo, voz, composição, harmonia e violão. Sabe tudo. Arranjo, anjo da canção.

Fonte: Página da música
Yamandu Costa Ao Vivo (DVD)

Yamandu CostaPrimeiro DVD do violonista apresenta composições próprias e temas de Baden, Caetano, Radamés, Django Reinhardt Maior revelação do violão brasileiro nos últimos anos, o gaúcho Yamandu Costa lança seu primeiro DVD, pela Biscoito Fino.

Gravado ao vivo no Sesc Pompéia, em São Paulo, no mês de abril de 2005, o DVD apresenta o jovem – e já consagrado – instrumentista em sua melhor forma. As imagens captam o músico quase na penumbra, extraindo a luminosidade através das notas do violão virtuoso, em duas composições de sua autoria, Aurora e Tareco Número 2. É a senha para Yamandu chamar ao palco Eduardo Ribeiro, na bateria, e Tiago Espírito Santo, no contrabaixo, amigos de longa data, da época em que Yamandu mudou-se de Porto Alegre para São Paulo, há cerca de cinco anos. O trio interpreta a Valsa Número 1, de Baden Powell, em versão repleta de improvisos, com sotaque jazzístico, seguida por mais duas composições de Yamandu: Paz de Maria, em clima de bossa, e a (pro)fusão rítmica de Besteira, antes do solo de Susto, batizada em pleno palco do Sesc Pompéia. Na seqüência, Yamandu convoca o conterrâneo Guto Virti, no contrabaixo acústico, para redimensionar as raízes sulistas em Tango Amigo, de sua lavra mais recente. Toninho Ferraguti é o convidado da faixa seguinte, acrescentando seu acordeom a Sanfonema, em trio, e também a Chamamé, em dueto. O baterista Eduardo Ribeiro e o baixista Tiago Espírito Santo juntam-se à dupla Yamandu e Ferraguti para interpretar um dos movimentos da Suíte Retratos, de Radamés Gnattali, em homenagem a Pixinguinha. Dos mestres do choro ao mestre das cordas: Yamandú recria, ao lado de Ribeiro e Espírito Santo, Nuages do guitarrista cigano Django Reinhardt. O trio explora todas as semifusas de Taquito Militar, do argentino Mariano Mores, antes de reinventar o samba Vou Deitar e Rolar, de Baden Powell e Paulo César Pinheiro, numa performance monumental. O show termina ao ritmo de Disparada, de Théo de Barros e Geraldo Vandré, plena de efeitos sonoros e percussivos. Os extras mostram Yamandu conversando com Hermeto Paschoal na Holanda; tocando com Armandinho em um programa de TV na Bahia; revisitando o acordeom num camarim em SP; experimentando violões na Espanha, além de fotos e imagens de sua carreira.

Fonte: www.biscoitofino.com.br
Olá Pedro, sou sua fã, ou melhor do programa, desde ele programa acontecia aos domingos. Fico muito feliz a cada segunda-feira, afinal é o unico programa que prestigia a boa música e não corro o risco de ouvir as repetitivas músicas de todos os horários.Gosto muito de ouvir "Clube da esquina II"inclusive tenho feito pesquisas sobre o "Clube da esquina"eles são demais. Também curto ouvir aquele antigo tema do programa que é uma delicia para ouvir é uma alívio para alma.

Vita andrade