segunda-feira, 28 de novembro de 2005

Vou-me embora prá Passárgada
Gilberto Gil – Manuel Bandeira

Vou-me embora prá Passárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora prá Passárgada

Vou-me embora prá Passárgada
Aqui não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contra parente
Da nora que nunca tive

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d`agua
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora prá Passárgada

Em Passárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar

-Lá sou amigo do rei-
Terei a mulher que quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora prá Passárgada

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